Construção de torres no cais José Estelita é liberada
05/05/15 17:05O prefeito de Recife, Geraldo Julio (PSB), sancionou ontem à noite a lei do plano urbanístico para a região do cais José Estelita. O texto havia sido aprovado no mesmo dia pela Câmara Municipal.
Com a nova lei, fica liberada no cais a construção de 13 torres com até 38 andares, projeto proposto pelo Consórcio Novo Recife, dono da área.
O projeto imobiliário, um complexo residencial, comercial e hoteleiro fechado, tem sido objeto de protestos do Movimento Ocupe Estelita desde 2012, quando foi divulgado. As ações do grupo são semelhantes às feitas pelo movimento que luta contra a construção de prédios no terreno onde será criado o parque Augusta, na rua de mesmo nome, em São Paulo: ocupação do espaço com aulas, intervenções artísticas e shows.
Segundo o urbanista Tomaz Lapa, que pesquisa a conservação de espaços públicos na Universidade Federal de Pernambuco e que faz parte do movimento, a verticalização da beira d’água vai contra o caráter histórico da paisagem do Recife. “Aquela relação de massa construída [não vertical] com a borda água é o que caracteriza nossa urbanização desde a colonização”.
Além disso, as torres altas passarão a competir com as torres das igrejas, cujo destaque visual na paisagem é outra marca da urbanização colonial.
Quando considerada a questão urbanística, o problema é a criação de uma área que não interage com a cidade, e cujo o acesso se dará essencialmente por automóvel e de forma restrita, complicando a mobilidade já sofrível da capital pernambucana.
Segundo o jornalista Luis Carlos, que faz parte do Movimento Ocupe Estelita, além de isolar e dar as costas para o histórico bairro de Santo Antônio, o projeto, “um condomínio de luxo fechado”, encravado no centro da cidade, dificultará ainda mais a circulação no sentido norte-sul.