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Seres Urbanos

Prédios e pessoas na metrópole paulistana

Perfil Vanessa Correa é jornalista especializada em arquitetura e urbanismo

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Gráficos animados mostram explosão urbana em Paris, LA e SP

Por Vanessa Correa
04/05/14 23:52

Pesquisadores da Universidade de Nova York publicaram em abril no World Urban Forum, em Medellín, um estudo que mostra o crescimento de 30 cidades ao redor do mundo nos últimos dois séculos.

Uma das conclusões da pesquisa é que o aumento de população ocorreu em geral com espraiamento da área urbanizada e redução da concentração de habitantes por km².

Como parte do estudo, os autores produziram animações que mostram a evolução da malha urbana das cidades de São Paulo, Paris e Los Angeles.

Assim como na maioria das grandes cidades, é possível perceber nessas três capitais que, embora o crescimento populacional seja forte desde meados do século 19, o aumento da área urbanizada ocorre especialmente a partir da segunda metade do século 20 (a adoção do carro como meio de transporte na mesma época não é mera coincidência).

Veja o espraiamento urbano de Paris

Em Paris, a expansão começa nos anos 1850. A mudança coincide com as reformas propostas pelo prefeito Georges-Eugène Haussman, que remodelaram (e deram impulso econômico) a cidade pela abertura de largas avenidas e se tornaram modelo de urbanização mundo afora, inclusive no Brasil (leia sobre o Plano de Avenidas mais abaixo).

Já LA se expande fortemente após a Segunda Guerra Mundial, mas tem um novo movimento de expansão nos anos 1970.

Assista ao crescimento de Los Angeles

Em São Paulo, o crescimento é lento até os anos 1930, quando passa a ocorrer em áreas próximas ao centro, como Higienópolis, Campos Elíseos, Brás, Mooca e Barra Funda. Mas, a partir dos anos 1950, há uma explosão da cidade em direção à periferia. O resultado todos conhecem: trânsito infernal e desigualdade urbana.

Veja o espraiamento psaulistano

Por que São Paulo cresceu tanto rumo às suas bordas?

De 1940 a 1950 a população da cidade aumentou de 1,3 milhões para 2,35 milhões de pessoas, devido à chegada de levas de migrantes atraídos pelos empregos na indústria.

Na mesma época começou a ser implantado o Plano de Avenidas. Com a abertura de novas vias, houve valorização dos imóveis, mas os aluguéis, congelados, não podiam subir.

Nesse cenário, a demolição para construção de prédios de escritórios e de apartamentos destinados às classes média e alta se tornou negócio mais lucrativo do que o aluguel. O setor privado parou de produzir moradia popular, gerando uma crise habitacional.

A solução do governo para a crise foi  promover o financiamento de lotes em áreas periféricas e baratas, para que as pessoas construíssem elas mesmas, no tempo vago, a casa própria.

O Plano de Avenidas, pensado para o automóvel, já havia criado um sistema de vias radiais que permitiam à cidade se expandir em direção a suas margens. Os trabalhadores chegariam de ônibus ao trabalho, sem que fosse necessário levar os trilhos dos bondes e a eletricidade para as bordas.

Mas, ao mesmo tempo em que viabilizou a venda de lotes a prestação, o governo não garantiu a chegada de infraestrutura urbana suficiente aos novos bairros.

Por causa dessas decisões e do modelo a partir de então adotado -dos anos 1960 aos 1990 a política habitacional se resumiu à construção de conjuntos habitacionais nas bordas da cidade, de novo sem preocupação com infraestrutura- a população mais pobre ficou praticamente toda limitada à periferia, onde a cidade de fato e as oportunidades nunca chegaram.

Agora, todos os dias, o equivalente a um país como o Uruguai se desloca da zona leste até o centro expandido para trabalhar.

Esse é o nosso nó urbanístico, tão difícil de resolver porque depende da conciliação de três interesses que hoje se configuram como antagônicos: o de quem mora longe, o do mercado imobiliário e o da população do centro expandido.

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