Pulando por uma causa
06/03/14 16:35Paulistano consegue ser sério até no Carnaval!
Duvida? Dá uma olhadinha no site da prefeitura, que cadastrou 195 blocos de rua neste ano.
Além dos grupos despretensiosos de “amigos que se reúnem para o Carnaval” e os muitos que pretendem “resgatar as marchinhas”, há aqueles com objetivos bem específicos.
São os blocos engajados. Eles exaltam não o samba nem as marchas, mas causas paulistanas, espelhando movimentos existentes na cidade.
Para promover a criação do Parque Augusta no terreno que fica na rua de mesmo nome (no centro de São Paulo) pulou o Psicoparque Memo.
Dois outros cordões tinham uma causa em comum: renaturalizar os córregos da cidade.
“Despertar o olhar para os milhares de quilômetros de rios que se encontram bem aos nossos pés, embaixo do asfalto” foi a proposta do Bloco Fluvial do Peixe Seco. Desfilou sobre os canalizados rios Saracura e Anhangabaú, ou seja, sobre a avenida Nove de Julho e o Vale do Anhangabaú. Línguas ferinas dizem que as organizadoras chegaram a se preocupar com a empolgação dos foliões, com medo de que se esquecessem do prato principal: a discussão!
O Bloco Água Preta, por sua vez, percorreu o trajeto do córrego de mesmo nome, sob a avenida Sumaré (zona oeste).
E não foram poucos os que pretendiam promover a “reapropriação do espaço público”, como o Bloquinho, da Vila Madalena (zona oeste), ou o Bloco Feliz da Vila, da Casa Verde (zona norte), que incentivou “os moradores a se autoafirmarem como protagonistas de seus espaços”. Com o mesmo objetivo saiu o João Capota na Alves.
Em São Miguel Paulista (zona leste), pulou com uma causa no pé o Bloco do Chinquinho: “levar alegria e entretenimento aos moradores, que são tão carentes de cultura”. Uma demanda típica da periferia, onde ainda falta o básico do básico.
E por fim mas não menos interessante, o Cordão Carnavalesco Boca de Serebesqué, também da perifa (Guaianazes e Lajeado, na zona leste), para promover um carnaval “contra-hegemônico” e a “cultura de resistência pulsante nas periferias de São Paulo”.
Haja engajamento!
Assista o Bloco Fluvial do Peixe Seco
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